sábado, 28 de janeiro de 2012

Gotas de Paz - 440

“E se pos a gritar: Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viestes para nos derrotar? Eu sei quem tu és: Tu és o Santo de Deus.” Mc 1, 24

O Evangelho deste domingo nos conta como foi a primeira vez em que Jesus pregou na sinagoga. Até aquele dia (mais ou menos 30 anos), ele sempre participava das celebrações religiosas sem dizer nada, sem pregar. Somente depois de haver escutado muito, Jesus começa a falar das coisas de Deus e a dar uma justa interpretação dos testos do Antigo Testamento.

As pessoas percebem logo que seu modo de falar das coisas sagradas é diferente dos demais, pois ele ensinava com autoridade, falava com absoluta certeza, compartilhava as coisas que profundamente vivia.

Todos nós percebemos quando um pregador fala com entusiasmos e convicção, pois faz “arder nossos corações”, faz com que as palavras pareçam ser ditas exatamente para nós e nos desafia a ajustar nossa vida à de Cristo.

Mas, um fato particular aconteceu naquela sinagoga. Havia um homem possuído por um espírito imundo que “se pôs a gritar: Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viestes para nos derrotar? Eu sei quem tu és: Tu és o Santo de Deus.”.

A primeira coisa que nos chama atenção é que este homem estava na Sinagoga, ainda que fosse um possuído. E depois, que ele tenha sido o primeiro a proclamar que Jesus era o Messias.

Ser possuído por um demônio pode ser interpretado não somente como “ter o diabo no corpo”, o que é uma coisa extraordinária, mas também como ter um vício, uma má inclinação, uma debilidade. Este espírito imundo pode ser algo que nos faz escravos, e não somente o álcool, as drogas ou o cigarro, com também a preguiça, a gula, a luxuria... E também os vícios modernos: os jogos eletrônicos, a Internet, etc. É algo que nos incomoda, mas que não estamos realmente decididos a abandonar. Até pedimos que Deus nos liberte, mas ao final não fazemos um grande esforço para renunciar, pois estamos atados, “possuídos”. Como o homem do evangelho, vamos à igreja, rezamos, reconhecemos Deus, suas obras, sua Graça, mas continuamos “possuídos”.

Contudo, diante de Jesus, de sua pregação tão forte e motivada, diante daquelas palavras que eram doces e exigentes e que falavam do sonho de Deus (que o homem seja livre e feliz), este homem consegue gritar: “Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viestes para nos derrotar?”. Jesus não lhe responde, mas o liberta daquele espírito mau. Isto significa que sim, que Jesus veio para derrotar os vícios, as coisas que nos oprimem na vida e tudo aquilo que nos impede de sermos autênticos. Deus não nos quer pela metade, não podemos ser seus servidores e escravos do mundo. Ele veio para que tenhamos vida e vida em abundancia. Não podemos estar acomodados com nossos pecados e devemos gritar ao Senhor, clamar insistentemente para que Ele nos liberte.

Que Deus nos dê a graça de encontrarmos bons pregadores que falem com autoridade e sejam capazes de abrir nossos olhos, de nos convencer a melhorar nossas vidas e de nos motivar a uma verdadeira conversão.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mario, capuchinho.

domingo, 22 de janeiro de 2012

De volta à ativa

Após uma breve pausa para Natal e Ano Novo o Ministério Getsêmani está de volta as suas atividades e promete que trará inovações em seu repertório e na sua formação, pois esta com um novo vocalista. Não percam as novidades no Blog.

Gotas de Paz – 439

"O tempo se cumpriu, o reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no Evangelho." Mc 1,15

Segundo o Evangelho de São Marcos, que não traz nenhuma informação da infância de Jesus, mas começa a narrar desde o batismo, essas são as primeiras palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo. E por isso são carregadas de significado e capazes de fazer uma verdadeira revolução na nossa vida, se a deixamos.

O texto começa dizendo: "o tempo se cumpriu". Do que está falando? Certamente é da presença de Jesus. Depois de tantos séculos de trevas, chegou a Plenitude dos tempos: o verbo de Deus se fez carne. Deus veio habitar entre nós. Desde quando Jesus se encarnou, já podemos nos encontrar com Deus quando nos queremos. Deus é sempre próximo e disponível. De fato, o tempo de que se fala aqui não é aquele histórico, é do tempo da graça, do tempo existencial.

Em seguida nos diz que "o reino de Deus está próximo". Este reino o sabemos, é o império do amor, da fraternidade, da justiça, da paz… mas que significa dizer que "está próximo"? Significa dizer está a porta, está onde todos podemos encontrar, numa palavra, está a disposição de quem o quiser aceitar. Alguém poderia dizer: se é verdade que o reino de Deus está tão próximo, por que nossa realidade é ainda triste? Ou então, se já faz dois mil anos que estão dizendo "o tempo se cumpriu" porque acontecem tantas barbaridades?

Bem, dissemos acima que o tempo de que nos fala não é o tempo histórico, mas sim o tempo existencial, e aqui está um lindo modo de entender esse texto. Isto significa dizer que HOJE pode ser a plenitude do tempo em minha vida se eu decido ser cristão de verdade, sem brincadeiras, e integralmente. Minha vida poderá transformar-se por completo. Imaginem, se agora decides mudar teus critérios pelos critérios de Jesus. Se começa a olhar as pessoas com os olhos de Jesus ( a partir dos teus familiares até os mais pobres, diferentes, pecadores…), a escutar com os ouvidos de Jesus, a amar-lhes com o coração de Jesus. Se desde agora já não te importa de sofrer pelos demais, se te dispõe a carregar com suas cruzes, a dar a outra face, a perdoar até aquele que te cravou, a não entrar em disputa com ninguém, a não te preocupar com as calunias, a viver aqui sabendo-se parte de um outro mundo, onde as pessoas valem muito mais, não somente pelo que fazem ou tem, e sim pelo que são ( Filhos amados de Deus). Sem dúvidas isso significaria que na tua vida "o tempo se cumpriu" e " o reino que estava próximo" se transformou em uma realidade. Se olhamos a história encontramos muitos ( muitíssimos) exemplos de gente que fez isso na sua vida. Por exemplo São Paulo, São Francisco, São João Bosco, Madre Teresa de Calcutá… e tantos outros seguramente que também você conhece pessoalmente, pois muitos deles vivem entre nós . São pessoas que um dia decidiram e disseram : "HOJE se cumpriu o tempo em minha vida", e se transformaram em símbolos da presença de Deus nesse mundo, e neles o reino de Deus se fez presente na história. São pessoas com coragem de viver a plenitude da vida, que resistem aos critérios do mundo, que se alimentam da sua palavra e da Eucaristia e mesmo contra a corrente, seguem testemunhando que o tempo se faz pleno quando nós o abraçamos.

A segunda parte dizia: "Convertam-se e creiam no Evangelho". Essa palavra "convertir-se” se olhamos no grego ( como foi escrita por Marcos) descobrimos que quer dizer "mudar de mentalidade", não só chorar pelo que se fez de mal no passado, mas muito mais decidir-se a praticar o bem de agora em diante. Deus não está tão interessado no passado. Tenha acontecido seja lá o que for, Deus pode curar, esquecer e perdoar. Ele está muito interessado no futuro, no que nos dispomos a ser e fazer. É conversão do coração. É mudança radical e profunda . Não é somente uma maquiagem.

A autentica conversão sem duvidas é "acreditar no Evangelho"; é aderir a boa nova, é assumir o seu conteúdo como um projeto de vida possível a todos. É bom dizer que esse desafio não é somente para os que são sacerdotes, os freis e as irmãs. È para todos. Para os casados, os trabalhadores, os jovens, os anciãos, os letrados, os simples, os empresários, os mendigos,… todos somos convidados a realizar concretamente na historia o reino de Deus. Nas frases seguintes do Evangelho deste domingo aparece duas vezes a palavra "imediatamente o seguiram". Que lindo se nós fizéssemos o mesmo : imediatamente.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Gotas de paz - 437

“E aconteceu que naqueles dias Jesus veio de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.” (Mc 1, 9)

Neste domingo a Igreja nos convida a celebrar a solenidade do batismo de Jesus. É uma festa muito rica de significado que uma vez mais nos põe diante do mistério de Deus.

Esta festa está ligada ao Natal, pois ainda que Jesus tenha sido batizado com mais ou menos 30 anos, seu batismo é a conclusão de seu discreto processo de imersão na história humana. Em sua concepção no seio de Maria, em seu nascimento na gruta de Belém, em sua fuga para o Egito, em seu retorno à Nazaré, em seu trabalho de carpinteiro com José, em sua participação com seus pais na vida social e religiosa de seu povo... Jesus realizava este exigente e paciente processo de encarnação, de ser um Deus feito homem, de ser o Emanuel: Deus conosco.

Antes de iniciar seu ministério público ele realizou um gesto simbólico que sintetizava todo este processo: se apresentou a João Batista e foi imerso completamente nas águas do Jordão.

É o criador que se deixa envolver completamente por sua criatura.

É claro que Ele não necessitava de ser purificado pela água do batismo, porque ele era santo, mas imediatamente após sua imersão em água, esta se contagiou de sua santidade, e então, depois de seu batismo ela pode não somente lavar o corpo, como também purificar a pessoa, fazê-la renascer e recuperar a vida divina.

Por outro lado o batismo de Jesus nos envia à sua páscoa. Pois ser imerso em água é ser sepultado, assim como emergir é retornar à vida. É por isso que são Paulo nos diz que quando fomos batizados, fomos sepultados com Cristo, para poder participar de sua ressurreição com a vida nova.

Celebrar o batismo de Jesus, então, não é somente recordar um evento passado. É muito mais. É reviver seu gesto de amor pela humanidade, sua aceitação de entrar radicalmente em nossa história, para consagrá-la, para enchê-la de sentido abrindo nossos olhos. Mas é também celebrar e reviver nosso próprio batismo. É fazer memória do dia em que também nós fomos lavados por aquela água santa e participamos sacramentalmente da morte de Cristo, entregando à morte nosso homem velho. Da mesma forma, a vitória de Cristo, fez nascer em nós um homem novo, pleno do Espírito Santo.

É através do batismo que nós fomos perdoados de todos os pecados, que fomos assumidos por Deus como seus filhos adotivos, tornando-nos herdeiros de seu Reino e membros de seu povo. Foi no batismo que se romperam as cadeias do mal, que deixamos de ser escravos das trevas, para nos transformarmos em Filhos da Luz. Foi em nosso batismo que Deus Pai gritou para toda a eternidade, como o fez no dia do batismo de Jesus: “Tu és meu Filho amado, em ti pus minha confiança”.

Que Deus nos ajude a viver a cada dia o nosso batismo.

Que saibamos ser verdadeiramente Filhos de Deus e consequentemente irmãos de todos.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mario, capuchinho.