“E se pos a gritar: Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viestes para nos derrotar? Eu sei quem tu és: Tu és o Santo de Deus.” Mc 1, 24
O Evangelho deste domingo nos conta como foi a primeira vez em que Jesus pregou na sinagoga. Até aquele dia (mais ou menos 30 anos), ele sempre participava das celebrações religiosas sem dizer nada, sem pregar. Somente depois de haver escutado muito, Jesus começa a falar das coisas de Deus e a dar uma justa interpretação dos testos do Antigo Testamento.
As pessoas percebem logo que seu modo de falar das coisas sagradas é diferente dos demais, pois ele ensinava com autoridade, falava com absoluta certeza, compartilhava as coisas que profundamente vivia.
Todos nós percebemos quando um pregador fala com entusiasmos e convicção, pois faz “arder nossos corações”, faz com que as palavras pareçam ser ditas exatamente para nós e nos desafia a ajustar nossa vida à de Cristo.
Mas, um fato particular aconteceu naquela sinagoga. Havia um homem possuído por um espírito imundo que “se pôs a gritar: Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viestes para nos derrotar? Eu sei quem tu és: Tu és o Santo de Deus.”.
A primeira coisa que nos chama atenção é que este homem estava na Sinagoga, ainda que fosse um possuído. E depois, que ele tenha sido o primeiro a proclamar que Jesus era o Messias.
Ser possuído por um demônio pode ser interpretado não somente como “ter o diabo no corpo”, o que é uma coisa extraordinária, mas também como ter um vício, uma má inclinação, uma debilidade. Este espírito imundo pode ser algo que nos faz escravos, e não somente o álcool, as drogas ou o cigarro, com também a preguiça, a gula, a luxuria... E também os vícios modernos: os jogos eletrônicos, a Internet, etc. É algo que nos incomoda, mas que não estamos realmente decididos a abandonar. Até pedimos que Deus nos liberte, mas ao final não fazemos um grande esforço para renunciar, pois estamos atados, “possuídos”. Como o homem do evangelho, vamos à igreja, rezamos, reconhecemos Deus, suas obras, sua Graça, mas continuamos “possuídos”.
Contudo, diante de Jesus, de sua pregação tão forte e motivada, diante daquelas palavras que eram doces e exigentes e que falavam do sonho de Deus (que o homem seja livre e feliz), este homem consegue gritar: “Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viestes para nos derrotar?”. Jesus não lhe responde, mas o liberta daquele espírito mau. Isto significa que sim, que Jesus veio para derrotar os vícios, as coisas que nos oprimem na vida e tudo aquilo que nos impede de sermos autênticos. Deus não nos quer pela metade, não podemos ser seus servidores e escravos do mundo. Ele veio para que tenhamos vida e vida em abundancia. Não podemos estar acomodados com nossos pecados e devemos gritar ao Senhor, clamar insistentemente para que Ele nos liberte.
Que Deus nos dê a graça de encontrarmos bons pregadores que falem com autoridade e sejam capazes de abrir nossos olhos, de nos convencer a melhorar nossas vidas e de nos motivar a uma verdadeira conversão.
O Senhor te abençoe e te guarde,
O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.
O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.
Frei Mario, capuchinho.
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