sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Gotas de Paz – 443

“Jesus disse ao paralítico: « Filho, teus pecados estão perdoados.» E alguns mestres da Lei pensaram : «¿Quem pode perdoar os pecados senão Deus e somente Ele ?»”Mc 2, 5-7.

Marcos inicia o seu evangelho com a frase: “Inicio da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus”, revelando assim qual é, o seu objetivo ao escrevê-lo, e o Evangelho deste domingo é uma atuação deste objetivo: manifestar a divindade de Jesus.

Esta passagem nos diz que muita gente se reuniu para escutar Jesus, certamente na casa de Simão Pedro. Depois de algumas manobras conseguiram fazer chegar até Jesus um homem paralítico. Jesus quando o vê, admirado da fé dos que o traziam, lhe disse: «Filho, teus pecados estão perdoados». Esta palavras de Jesus, pareciam estar fora de lugar. Os que entendiam da Bíblia, sabiam que somente Deus pode perdoar os pecados. Ninguém pode purificar o homem de suas faltas e dos seus pecados senão o Senhor. Por isso os mestres da lei começaram a murmurar. Jesus já imaginava essa reação. Ele o fez de propósito. Também Jesus sabia e concordava que somente Deus pode perdoar. De fato, o que ele queria era dizer as pessoas que ele era o Filho de Deus, e por isso, podia autenticamente perdoar os pecados, pois ele era o Deus que se fez carne e que veio viver no meio de nós.

O grande milagre deste texto, é por tanto, o perdão que Deus deu a aquele homem paralítico, que ninguém neste mundo poderia ter feito, mas somente Deus. Porém, para manifestar que o que tinha dito era a verdade, então ele fez um pequeno milagre: curou a paralisia daquele homem.

Jesus queria também em qualquer modo mudar a intenção de muitas pessoas que o estavam procurando. Eles vinham porque queriam milagres humanos, curar suas doenças, resolver seus problemas terrenos, mas Jesus queria dar-lhes muito mais do que isso. Ele queria perdoar os pecados, queria curar os corações, queria fazer cada um renascer.

Jesus sabia que os homens podem ser curados de uma enfermidade e continuar tudo igual na vida, sem mudar nada, sem melhorar, sem converter-se, e depois de um tempo terão de novo uma outra doença. Mas, quando um homem se reconcilia com Deus, quando um homem encontra o caminho da vida, quando o coração humano encontra o repouso no seu criador, então toda a sua vida muda, a sua história encontra o seu sentido, os seus olhos encontram a luz...

Jesus queria ser buscado não para fazer milagrinhos e que as vidas dessas pessoas depois continuassem tudo igual. Ele não queria ser somente um auxilio para as emergências, mas que depois cada um faça aquilo que quer.

Ao dizer que ele podia perdoar os pecados, Jesus queria fazer-se disponível a todas aquelas pessoas que descobriam que a vida sem Deus não tem sentido, pois ainda que já tenham feito muitas coisas feias, que tenham muitos pecados graves, Deus é disponível a começar tudo de novo, a esquecer o passado e dar uma graça especial para iniciar uma estrada nova.

A grande enfermidade de uma pessoa aos olhos de Deus não é o câncer, a paralisia, a Aids…, muito mais destruidor para a vida humana é o pecado, o egoísmo, a soberba, a inveja, o ódio…é estar longe de Deus, e não querer escutar sua palavra. São essas coisas que devagar fazem nossos corações transformar-se numa pedra, que nos fazem cegos, que nos deixam mudos, surdos e paralíticos, que roubam a nossa alegria e a nossa paz. São essas coisas que necessitam de uma terapia urgente, mas infelizmente muitas vezes não nos damos conta da gravidade. Existem muitas pessoas que estão morrendo, mas acreditam ao contrario que estão aproveitando a vida.

E dessa situação, somente Deus nos pode livrar. Somente com sua graça, poderemos ser libertados dessa cultura de rebelião, desse desejo de auto-suficiência, desse egoísmo entranhado. Em Jesus Cristo, Deus se fez disponível e se colocou perto de nós. Hoje nos sacramentos podemos encontrar a mesma ação de Deus. Ele quer curar-nos. Ele quer que caminhemos.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Gotas de Paz – 442

"Se aproximou um leproso, se joelhou e suplicou a Jesus: « Se queres, podes curar-me.» Jesus teve compaixão, estendeu a mão, o tocou e disse:: «Eu quero; seja curado .» Mc 1, 40-41

Encontramos no evangelho deste domingo um pequeno diálogo entre um leproso e Jesus. São poucas palavras, mas essenciais. Com alguns gestos e umas quatro palavras aquele leproso abriu completamente seu coração.

Em primeiro lugar, ele se aproximou. Os leprosos eram mantidos longe de todos, pois a lepra era contagiosa e para proteger aos demais, um leproso não podia aproximar-se de ninguém. Porém, ele se aproximou. Em seu coração simples e sofrido, ele sentia que Deus não podia ser contaminado pelo seu mal. Intuía que a Deus não lhe faz nenhum dano quando alguém se aproxima para dizer-lhe que o necessita, ainda que esse homem esteja no pior estado. Seus passos determinados eram marcados pela certeza de que Deus não o rejeitaria.

Mas, quando estava pertinho de Jesus, ele se ajoelhou.

Ajoelhar-se diante de outra pessoa é um gesto que fala por si mesmo. Ao mesmo tempo em que se reconhece a grandeza do outro, se revela a própria pequenez, a necessidade e a convicção de que o outro te pode ajudar. Por isso a este gesto de súplica se acompanham as palavras: «Se queres, podes curar-me.» Estas poucas palavras são uma verdadeira profissão de fé em Jesus Cristo. Quem podia curar um leproso, senão Deus? Aquele leproso sabia que o Deus que havia feito todas as coisas, podia também refazê-las. Mas, ele sabia também que, mais do que vemos e entendemos, existe o mistério da vontade de Deus. Muitas vezes o que cremos ser bom para nós, se transforma na nossa perdição. È por isso que este homem diz: «Se queres». Ao final, Deus é sempre livre e seus projetos estão muito acima dos nossos.

A lepra, como todas as enfermidades, era pensada no tempo de Jesus, como fruto do pecado (e para causar a lepra deveria ser um pecado muito grande!!!) É por isso que este homem pede a Jesus para ser purificado. Como sabemos hoje que as doenças em geral não são castigos por nossos pecados, esta súplica nos permite pensar a nossa lepra espiritual, as doenças do nosso espírito, nossos vícios e nossos pecados.

Jesus teve compaixão. A palavra com-paixão, é uma palavra muito forte. Haver com-paixão significa participar a paixão de outra pessoa. (Paixão quer dizer a dor, o sofrimento como quando dizemos «a paixão de Cristo», e não, neste caso, paixão como um sentimento de um super afeto). Então, Jesus entrou na dor daquele leproso, sentiu o ele estava sentindo, lhe estendeu a mão e o tocou. Ninguém podia tocar um leproso, porque se tornava também um impuro. Mas como já dissemos, Deus não pode contaminar-se com nossas impurezas. Se isto para o leproso era fé, para Jesus era uma certeza. Ele não tinha medo do leproso, não tinha medo do pecador... E Jesus lhe disse: «Eu o quero; fique curado.»

Que palavras fortes: esta é a vontade de Deus: fica curado.

Jesus, revelador do Pai, neste pequeno diálogo manifesta o imenso coração de Deus. Nosso Deus ha com-paixão de nós, nos estende sua mão, nos toca e leva em seu coração uma vontade, um projeto sobre cada um de nós.

Estimado/a irmão/ã vivamos em primeira pessoa este evangelho neste fim de semana. Aproximamo-nos de Jesus, não importa quanto impuros estejamos, pois não vamos contaminar-lo. Porém, que o nosso aproximar-se seja sincero e cheio de fé . Ajoelhamos diante dele . E digamos: «Se queres, podes curar-me.» e mais, perguntemos: qual é teu projeto comigo? E deixemos que ele nos toque! Amém.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Gotas de Paz – 441

“Ao cair da tarde, já depois do l-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos e a cidade inteira ficou reunida diante da porta. Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demônios. (...) De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar.” (Mc 1, 32-35)

O Evangelho desse domingo nos relata o inicio da fama de Jesus. Como pela manhã ele tinha libertado um homem possuído na Sinagoga, e depois na casa de Pedro tinha curado a sua sogra, a tardezinha já tinha uma grande quantidade de gente na sua porta. Jesus curou a muitos, libertou outros, e seguramente falou a todos das maravilhas de Deus. Por certo, foi um dia muito cansativo.

Mas, de manhãzinha, quando todos ainda estavam dormindo, ele se levantou e foi a um lugar deserto para rezar. Jesus precisava de intimidade com o Pai. Ele necessitava descobrir qual era a vontade de Deus para a sua vida, e mais especificamente para aquele novo dia. Ele sabia que ali, na casa de Pedro, de novo teria uma multidão a pedir milagres. E tal multidão se repetiria todos os dias, pois as pessoas não estão jamais satisfeitas. Mas, ele necessitava saber si essa era a vontade do Pai. Ele precisava descobrir se era para isso que ele veio ao mundo.

Jesus esteve em oração, seguramente, por algumas horas, até que seus discípulos lhe encontraram e lhe disseram: “todos te procuram?”

E Jesus depois de ter orado, decidiu ir a outros povos, para pregar-lhes o reino de Deus.

Talvez nos perguntamos: por que ele não veio para continuar a fazer milagres ali?

Por que deixou toda aquela gente esperando? Por que ir a outros lugares, onde ninguém o conhecia, e deixar tantos que necessitavam dele? Sem dúvidas, na lógica do mundo, que está sempre muito atenta a popularidade, a fama, ao aplauso... Jesus se equivocou!

Mas, ele tinha rezado e sabia que na lógica de Deus, tinha que partir... e assim o fez.

A oração deve ser o motor da nossa vida. É somente essa intimidade com Deus que pode nos dar a clareza do que devemos fazer e como o devemos fazer. É somente no continuo diálogo com o Senhor que descobrimos quais são as coisas que nos correspondem na nossa vida de cristão e quais as outras que devem ser evitadas, ainda quando o mundo nos diz o contrário. Ter êxito nesse mundo, ter títulos, ser famoso, estar muito ocupado todo o dia, não significa estar fazendo a vontade de Deus.

Penso que o evangelho desse domingo é para todos nós um sincero convite para a oração. A encontrar um tempo para dedicar ao encontro profundo com o Senhor. Para dialogar com Ele, sobretudo, para escutar sua palavra. Quando dizemos orar, não significa multiplicar as fórmulas de oração que as vezes fazemos muito mecanicamente. Orar é dialogar com Deus, é também escutá-lo, é saber fazer silêncio diante dele e permitir que Ele nos fale ao coração. Por isso, um modo muito concreto de orar é escutar e meditar a sua palavra, é recitar pausadamente um salmo, ler o evangelho e conservar sua palavra. Orar é perguntar diante de cada situação concreta da nossa vida: Senhor, que queres que eu faça?

Tenho certeza que muita coisa mudaria em nós se nos decidimos a dar espaço para Deus.

Seguramente, si a oração encontra espaço na nossa vida, também nós entenderemos porque Jesus não retornou onde todos o esperavam, e onde teria tanto para fazer, mas preferiu ir a outras cidades.

¡Jesus, ensina-nos a orar!

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.