sábado, 22 de outubro de 2011

Gotas de Paz - 426

“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Mt 22,36

O Evangelho deste domingo nos apresenta de novo uma pergunta feita pelos fariseus que continuam querendo colocar Jesus a prova. Eles desejam que Ele caia em contradição o que diga algo contrário a Lei de Moises para que possam acusá-lo e matá-lo.

A intenção dos fariseus nos manifesta que essa pergunta, em si mesma boa e interessante, na verdade quer ser um armadilha para fazer Jesus cair. Isto nos faz pensar que podem existir muitos motivos diversos pelos quais nós podemos fazer uma pergunta.

Podemos fazer uma pergunta como um médico, onde a justa resposta será um bem para o próprio paciente. Podemos fazer uma pergunta como um professor em dia de exame, querendo somente saber se o aluno é capaz de dar a resposta justa. Podemos perguntar como um advogado no tribunal, que quer ou fazer a testemunha cair em contradição ou colaborar com um sua acusação. Podemos fazer uma pergunta somente por curiosidade, para controlar melhor os demais. Podemos fazer uma pergunta como um político, pensando em tirar proveito e manipular a resposta. Podemos fazer uma pergunta como um inimigo querendo colocar a pessoa em má situação. Podemos fazer uma pergunta como um amigo que se interessa pela vida e o pensamento do outro. E por suposto, podemos fazer perguntas como um discípulo, isto é, como um que quer conhecer melhor a proposta para poder viver mais profundamente sua fé.

Como sacerdote, já encontrei muitas pessoas que me queriam fazer perguntas sobre a fé, sobre a vocação, sobre a relação com Deus e sobre a vida eclesial, mas na verdade poucas tinham a motivação de um discípulo. Alguns somente queriam escutar uma resposta que confirmava o seu preconceito, e ainda que eu tentasse dar uma resposta diferente, eles não eram capazes de escutar. Outros somente queriam me colocar em ridículo diante dos demais com perguntas capciosas e maldosas. Outros queriam poder manipular minhas palavras ou meus raciocínios para que tudo ficasse a favor deles. Outros queriam demonstrar que a fé é uma coisa ingênua e insustentável e que a Igreja é antiquada e retrograda. Diante dessas manipulações do diálogo, as vezes não sabemos se é útil ou não responder.

Seguramente, sabemos que não serve a nada falar dos demais se não somos capazes de olhar para nós mesmos. Também nós muitas vezes fazemos muitas perguntas sobre estes assuntos espirituais, porém devemos verificar qual é a nossa intenção. Quando perguntamos alguma coisa a Deus, devemos de verdade desejar sua resposta e estar dispostos a transformar com ela nossa visa. Deus, quando descobre que nossa pergunta nasce de um coração que quer ser discípulo, que quer descobrir um modo de viver mais intensamente, que esta procurando crescer na fé e encontrar novos modos de expressá-la, então nos responde dando-nos o dom do seu Espírito.

Infelizmente esse não era o caso dos fariseus. Eles somente queriam colocar Jesus a prova . A resposta exata de Jesus sobre a centralidade do amor na Lei de Deus, não mudou e nada a vida superficial deles.

Também nós seremos como os fariseus, se esse domingo sairmos da Igreja sem haver feito o propósito de nas nossas vidas amar concretamente a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Não basta saber que esse é o mandamento mais importante se eu não o ponho em prática. Sem duvidas é importante saber, mas isto ainda não é nada. É importante saber a receita da torta para poder fazê-la, mas ninguém é um bom confeiteiro somente por saber a receita, se nunca fez de verdade uma boa torta.

Senhor, ensina-me a saber perguntar as coisa como um discípulo, querendo sinceramente conhecer a resposta para com ela conformar minha vida. Porém, Deus não permitas que eu conheça as coisas somente intelectualmente. Não permitas que eu saiba claramente quais são as verdades centrais da minha fé sem que as pratique. Eu sei que a coerência total é muito difícil, mas sei também que com tua graça podes aproximar-me sempre mais daquele que é o meu ideal. Ensina-me não somente a saber que devo amar, mas ajuda-me a amar de verdade.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário