“Façam e cumpram tudo o que dizem, mas não os imitem, já que eles ensinam e não cumprem.” Mt 23,3
No Evangelho deste domingo, Jesus continua fazendo uma crítica severa aos “mestres da Lei” e aos “Fariseus”. Nós podemos pensar que como não somos fariseus, isto não nos toca. Contudo, creio que neles se concretiza uma tentação presente em todos os seres humanos, a saber: querer exigir dos demais o que nós não estamos dispostos a fazer. Por isso, meditar estas palavras pensando que Jesus as disse também para nós pode nos ajudar em nosso caminho fé.
A primeira coisa que me chama atenção é que Jesus não desautoriza a pregação deles. Jesus nos diz: “Não escutem aos fariseus, porque eles são incoerentes”. Jesus reconhece que o que dizem é justo e por isso afirma: “Façam e cumpram tudo o que eles dizem”.
Muitas vezes nós não queremos escutar o que nos diz uma pessoa, ou uma correção que alguém nos faça, porque tal pessoa tem também muitos defeitos. Isto não é justo, segundo Jesus. Ainda que alguém seja muito pecador, pode nos indicar o caminho justo. Devemos avaliar o que nos diz não por sua vida, mas segundo o Evangelho. Deus se usa de instrumentos às vezes muito imperfeitos para realizar sua obra: somos vasos de barro que levamos seu bom perfume. É um comportamento infantil dizer que eu não faço o que este me diz, porque ele não o cumpre. Nosso compromisso é com Deus, não com a vida dos pregadores. “Façam e cumpram tudo o que dizem”.
A crítica de Jesus aos fariseus foi feita não pelo conteúdo de sua pregação, mas pelo desinteresse de coloca-la em prática. Eles se acreditavam perfeitos. Pensavam que sua missão era somente corrigir aos demais, mas que em suas vida já eram impecáveis. Aqui está o problema.
Eu não creio em una frase muito comum de nossos dias, que diz: “só se deve pregar o que se vive, caso contrário somos incoerentes”. Não creio que o critério para a pregação seja a vida do pregador, pois assim minha pregação será muito pobre, porque sou muito limitado. O critério é o Evangelho. É a vida de Jesus Cristo. Isto é o que tenho que pregar. Ele é o modelo. E como a Palavra de Deus é como una faca de dois gumes, isto é, corta tanto quando vai, como quando volta, tanto quem escuta a pregação como quem a faz deve ser penetrado por esta faca, ou seja, também o pregador deve ser capaz de se deixar questionar pela Palavra e buscar a cada dia melhorar sua vida.
Para Jesus não é um problema que preguemos mais do que vivemos, desde que nos reconheçamos neste processo de conversão.
O problema não é a pregação, mas exigir dos demais o que eu não faço. Pregar a verdade integralmente é minha missão, ainda que muitas coisas me custem viver, o que não posso fazer é cobrar dos demais, o que eu não vivo. Este era o problema dos fariseus: eles julgavam aos demais sem olhar para si mesmos. Colocavam fardos nos outros que eles nem pensavam carregar. Isto é realmente incoerência e hipocrisia.
Muitos santos nos ensinam que o bom cristão é aquele que exige muito de si mesmo, mas com os demais é sempre cheio de misericórdia.
Que Deus nos ajude a viver autenticamente sua mensagem, mesmo quando os pregadores deixem a desejar com seus exemplos. Que Deus abençoe nossos pregadores, dando muita luz para que nos anunciem a Palavra e que possam buscar viver a cada dia melhor o que pregam.
O Senhor te abençoe e te guarde,
O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.
O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.
Frei Mario, capuchinho.
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