domingo, 9 de outubro de 2011

Gotas de Paz - 424

“O rei entrou depois entrou para ver os que estavam sentado a mesa, e fixou num homem que não estava vestido com traje de festa. E lhe disse: Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa? Mas o outro ficou calado. Então o rei disse aos seus servidores: Amarrem suas mãos e seus pés e joguem-no fora nas trevas onde existe somente pranto e ranger de dentes.” Mt 22,11-13.

O Evangelho que este domingo a Igreja nos presenteia é muito significativo e tem um profundo ensinamento para todos nós. Seguramente já escutamos muitas vezes: é a parábola do banquete nupcial do filho do Rei.

Na verdade, a aliança de Deus com o povo de Israel sempre foi comparada com um matrimônio, entre Deus e o seu povo. O ponto alto desse encontro, desse casamento, deveria acontecer com a vinda de Jesus neste mundo. Mas, os judeus em geral não o reconheceram como o messias, como o salvador, como o Filho de Deus, e se recusaram a participar da festa de bodas. Então, Deus diante desta recusa abriu a festa para todas as pessoas de todas as raças, povos, línguas e nações, sem importar a condição social e sem fazer caso do passado, para que com essa gente formasse um novo povo, uma digna esposa para seu Filho: a Igreja. Os missionários de Cristo, são os que vão a todos os lugares e anunciam que Deus está convidando a todas as pessoas para uma aliança, um matrimônio, uma grande e interminável festa.

Porém, nós vimos que quando o rei chega para o banquete percebe que uma pessoa está sem o vestido de festa, o interroga, ele fica calado, e então, o rei o joga fora – não lhe deixa participar da festa, pois não tem o vestido para a ocasião.

Quando eu era menor, para mim era muito estranha essa atitude do rei, me parecia exagerado expulsar alguém somente porque não tinha o vestido adequado. Para compreender isto no modo correto é necessário entender o sentido simbólico do vestido de festa.

O rei pediu a seus empregados que convidassem todos os que encontrassem pelos caminhos, isto é, pobres, estrangeiros, empregados, vendedores, prostitutas, ambulantes, crianças, deficientes ... todos os que estavam ali. Sem exceção, todos os que queriam participar dessa festa: isto é, da Igreja eram convidados. Nenhum era discriminado, era necessário aceitar o convite. Não era importante o passado, mas sim o futuro.

Todos os que aceitavam eram acolhidos e os empregados os preparavam para compreender o que significava participar destas bodas: isto é, esposar-se com Cristo Jesus, o Filho do Rei:

O primeiro era renunciar ao mal, ao pecado, a estar sob o domínio de Satanás, isto é, deveriam abandonar a vida de antes, para viver uma nova vida: a vida de esposado com Deus;

O segundo era aceitar que Jesus era o messias: o filho de Deus, Emanuel, Deus-conosco.

Tendo essas duas coisas: os convidados deveriam ser lavados, isto é batizados, na força do sangue do Cordeiro, para que todos os seus pecados, todas suas dívidas, todas as impurezas, fossem gratuitamente perdoados, pagados e purificados. Era o próprio Esposo que assumia e pagava com o preço de seu sangue, todas as contas de seus convidados. Não importava que antes foram prostitutas, adúlteros, ladrões, idólatras, assassinos, maus.. com a graça do batismo, cada um recebia um vestido branco, o vestido de festa, que significava ser revestido do Espírito Santo.

Este vestido deveria ser conservado sempre limpo, e isto se faz: evitando o pecado.

Existem dois tipos de pecado: os ligeiros ou cotidianos,dos quais não nos livramos nunca completamente, isto é, ainda que os devemos evitar, não se consegue jamais evitá-los totalmente, então necessitamos purificar-nos cada dia com a oração do Senhor: o Pai nosso, que santo Agostinho chamava de batismo cotidiano, e também com algum sacrifícios e com a caridade: as esmolas. Existem os pecados graves ou mortais, que destroem em nós a graça do batismo, isto é, nos fazem perder a veste nupcial, nossa roupa de festa. Estes são os pecados que os cristãos devem evitar com todas as forças, pois eles nos fazem de novo escravos do inimigo.

Agora sim, podemos entender qual é o problema daquele homem que estava sem o traje de festa. Ou era um que não havia feito a preparação para a festa, isto é, que não havia querido renunciar ao mal, ser lavado no batismo e receber a veste nupcial, ou então, era um que a havia perdido, porque retornou a sua vida anterior, isto é, ao pecado, ao domínio de Satanás.

E quando alguém perde a sua graça batismal, já está condenado? Não poderá mais participar na festa? Não! Deus nos dá sempre uma nova oportunidade. Ele nos deixou o sacramento da penitência e reconciliação. Este sacramento, quando o vivemos como um autêntico arrependimento, nos devolve a graça batismal, isto é, nos doa de novo o vestido de festa.

Então, o problema desse homem não era somente o não ter o traje, mas também o ficar calado diante da pergunta: Como entraste aqui sem o traje de festa?

Se ele tivesse confessado, com uma sincera contrição de ter perdido e pedisse por misericórdia de receber outro, seguramente teria participado da festa. Foi seu pecado revestido de orgulho ou maldade que não lhe deram alternativa: foi atado e jogado fora nas trevas.

Seguramente todos hoje devemos perguntar-nos: como está meu traje de festa? O tenho ainda? Ou necessito revestir-me de novo. O certo é que sem este vestido não podemos entrar na festa.

O Senhor te abençoe e te guarde,

O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.

O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.

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